Grécia aposta em semana de trabalho de seis dias

por Rachel Mestre Mesquita - RTP
Foto: Unsplash

A Grécia avança esta segunda-feira para uma semana de trabalho de seis dias. Os novos regulamentos que entram hoje em vigor permitem às empresas privadas que prestam serviços 24 horas por dia, sete dias por semana, adotar uma semana de trabalho de seis dias e 48 horas semanais para aumentar a produtividade.

Numa altura em que vários países europeus, como a Alemanha, França e Espanha, experimentam semanas de trabalho mais curtas, a Grécia segue um caminho diferente e aposta numa semana de trabalho de seis, autorizando as 48 horas de trabalho semanais, em vez das 40 horas anteriores. Ou seja, a partir de agora, os trabalhadores do setor privado podem optar por trabalhar mais horas, se as suas empresas assim o desejarem.

À semelhança de outros países europeus, sobretudo os países do sul, a Grécia enfrenta vários desafios financeiros, como os baixos salários, o declínio da população e o elevado desemprego, escreve o jornal Deutsche Welle

Fatores que levaram levaram o Governo de centro-direita do primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, a apostar numa nova legislação laboral para resolver o problema da falta de trabalhadores qualificados e da diminuição da população, agravado pela vaga da emigração jovem nos últimos anos.

"O núcleo desta legislação é favorável aos trabalhadores e está profundamente orientado para o crescimento", afirmou Kyriakos Mitsotakis antes da aprovação da lei pelo Parlamento grego, no outono passado, escreve o Guardian. "E coloca a Grécia em linha com o resto da Europa", considerou o primeiro-ministro grego.

De acordo com o Governo grego, as novas regras que entraram esta segunda-feira em vigor poderão solucionar o problema dos trabalhadores que não são pagos pelas horas extraordinárias, assim como o problema generalizado do trabalho não declarado.
Ainda "é cedo" para a semana de quatro dias em Portugal
A ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social afirmou na semana passada que a semana laboral de quatro dias em Portugal não está, para já, em cima da mesa, durante a apresentação das conclusões de um projeto-piloto nacional, lançado no ano passado. 

Rosário Palma Ramalho considerou que ainda "é cedo" para avançar com a implementação da semana de quatro dias, e explicou que e o estudo carece de tempo, de uma amostra mais representativa e alertou para os potenciais efeitos do modelo assumido no estudo, que poderá aumentar a discriminação de género, com prejuízo para as mulheres.

O projeto-piloto nacional, lançado no verão passado, abrangeu 41 empresas do setor privado que adotaram a semana de trabalho mais curta de quatro dias, durante o período de seis meses, de forma voluntária e reversível, sem prever cortes salariais. 

No final da sua implementação, apenas quatro voltaram à semana de cinco dias e as restantes decidiram estender o teste, de acordo com um comunicado do IEFP, divulgado na semana passada.
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